Tão aclamado aqui neste espaço, vamos reverenciar novamente Ben Horowitz.
A gente sempre foi muito atento em ouvir a nossa comunidade, ir profundo nos comentários recebidos e entender o que fazia sentido. Entendemos que precisamos captar os sinais vindos dos usuários e filtrar de alguma forma para analisar se faz sentido. Isso nem sempre é óbvio.
Quando implementamos uma plataforma de BI (business intelligence), tudo que vinha de feedback ou de dado eu checava na plataforma.
Foi em um período em que abrimos mão de fazer óleo para barba, o mercado desse produto tinha ficado muito competitivo e uma corrida para preço, com muita gente tentando fazer em casa. Enfim, saímos desse mercado.
Alguns meses depois, em conversa com um cliente de barbearia, ele me disse que precisava que o produto voltasse, que era essencial para o negócio dele. Quando olhei na plataforma de análise de dados, consolidei os pedidos dele e vi que ele tinha comprado nos últimos 12 meses a magnânima quantidade de 3 unidades do dito óleo para barba.
Quando falamos a realidade para ele e que ele talvez estivesse enganado, na hora ficou muito puto e disse que estávamos ofendendo ele por dizer que o negócio dele vendia pouco. Nunca mais comprou da Vito.
Essa volta longa para fazer a mesma pergunta que o nosso amigo Ben fez em um post genial no blog dele: de que jeito você corre?
Ele começa contando que quando você está tocando um negócio, quando as coisas dão errado você fica fisicamente doente. Sente aquilo como se tivesse pegado uma virose.
Você sente aquilo profundamente, mas como ele coloca sabiamente, ficar mal talvez seja uma das coisas mais fáceis quando as coisas não vão bem.
A parte difícil é: o que você faz quando as coisas vão muito mal? Você foge do problema ou vai em direção a ele?
O nosso amigo da barbearia quis fugir, confrontado com a realidade, esperneou e disse que nunca mais iria comprar Vito para a barbearia dele quando questionado sobre o fato do produto que ele achava que vendia bem ter sido comprado pouco por ele mesmo.
Voltando para reestruturar a operação, entendemos que haviam alguns problemas relacionados às embalagens dos nossos produtos. E o mercado de embalagens, com a pandemia e sua já tradicional falta de opção e custo alto, estava pior ainda.
A gente queria mudar o frasco dos nossos shampoos, tínhamos muitas conversas nesse sentido, que o batoque não funcionava, que a rosca era ruim no banho. Ponderamos e vimos que era um ajuste necessário.
Aqui a embalagem que queríamos mudar:
Mas quando fomos a mercado, o que seria um ajuste simples, dado que o tal frasco que queríamos era uma frasco relativamente padrão, virou um drama.
Pedido mínimo muito grande, indisponibilidade, custo absurdo. Foram semanas apanhando de um problema aparentemente simples.
Eis que um dia um sócio vem almoçar conosco e sugerimos de comer no restaurante indiano aqui perto do nosso escritório.
A gente tava atrasando a produção por não definir o frasco, e estávamos inconformados de não conseguir resolver o que era uma suposta tarefa simples.
Eis que na entrada no restaurante indiano que almoçamos com frequência havia um frasco de álcool gel que parecia muito com o que estávamos procurando. Viramos o frasco e lá estava marcado o nome do fabricante.
Chegando no escritório ligamos para o fabricante e cheque-mate: ele tinha exatamente o que precisávamos e com disponibilidade.
Por mais simples que este caso seja, ele no fim das contas diz muito sobre o que estamos sempre buscando: ouvir nossos usuários, ponderar com dados e outras referências se aquele argumento para de pé e agir em cima disso para melhorar e aumentar a paz que temos quando vendemos algum produto.
No fim das contas são anos e anos operando em um mercado muito difícil no Brasil e zero devoluções de produto.
No fim das contas, a gente gosta de pensar que o jeito que você corre é um um diferenciador entre pessoas, empresas e marcas.
Quase todo mundo sabe onde estão os problemas, mas só quem quer construir algo relevante corre de encontro aos problemas.
